Quando a Beatriz tinha 4 meses, visitei uma creche.
Gostei do local e das pessoas, mas vim para casa dilacerada com a ideia de deixar o meu bebé com estranhos.
A partir desse momento percebi que nada faz sentido na nossa sociedade.
Deixar o nosso bebé é contranatura.
Para mim ainda é.
A minha Mãe salvou-nos.
Quando a Beatriz tinha um ano e meio, fiz nova experiência, num local de elevada reputação nacional.
O mundo moderno ocidental não está preparado para receber os seus filhos.
Ou eu não faço parte do mundo moderno ocidental.
Não encontrei sorrisos nem abraços, a não ser aqueles que eu dava a todas as crianças nos 20 minutos diários que passava na sala do bibe azul.
A minha Mãe salvou-nos.
E o meu Pai e a minha Tia Alice.
Mudança de cidade.
Não fui à creche.
Salvam-nos a Tia Alda, a Prima Cristina, a Avó Silvana e todos os primos que aparecem e trazem sorrisos e brincadeiras.
Sinto que está certo assim.
No meu íntimo, todas as mães que viveram antes de mim dizem-me que sim e eu confio.
Comprovam-no a alegria , o sorriso constante e as aprendizagens diárias da Beatriz.
Não é uma decisão fácil.
Nem entre a família.
Parece que rejeitar a creche é ir contra uma ordem estabelecida muito maior do que uma simples creche.
Talvez seja questionar-nos enquanto sociedade (frenética, materialista e implacável) e isso é sempre incómodo.
Felizmente, sei que não estou só.
20 de Janeiro de 2014 às 22:52
Ana,
Acho que estás a “ver ” muito bem esta questão.
Tb penso assim e gostei do vídeo ,em que o pediatra retrata esta fase do nosso desenvolvimento.
O mundo actual é muito cruel,e muitas vezes esta falta de tempo (pseudo vida moderna ) quer da mãe ,quer do pai nesta fase da vida das crianças ,paga-se depois muito caro.
Basta observar a sociedade americana…
Infelizmente por cá tudo “rola ” nesse sentido – mega agrupamentos e crianças retiradas das suas “gentes “todo dia ,com o pretexto de que ali (longe ) poderão ter melhores condições,mais pcs ,etc
Como eu te entendo …
Um beijo
José
21 de Janeiro de 2014 às 11:45
José,
é mesmo isso que acontece: a separação dos pais e, depois do meio conhecido, faz-se muito precocemente.
E nós vemos isso todos os dias.
A factura paga-se.
Viver sem identidade traz desequilíbrios vários… a que assistimos diariamente (em crianças e adultos).
Obrigada pela solidariedade.
Estava a precisar 😉
Beijo,
Ana
20 de Janeiro de 2014 às 23:16
Como te entendo, Ana. Gostei muito deste video. Felizmente tenho o colo das avós disponível para as minhas filhas. Primeiro a mais velha. que usufruiu dele até entrar no Jardim de Infância, agora a mais nova. Um verdadeiro descanso saber que passam grande parte do dia com quem as ama. Beijinho
21 de Janeiro de 2014 às 11:47
É verdade!
O colo dos avós tranquiliza-nos totalmente 🙂
Beijinho,
Ana
21 de Janeiro de 2014 às 1:22
Não está só, não! 🙂
E o pior, até em termos sociais, é que muita gente não tem (haverá também quem não quer ter) outra alternativa…
21 de Janeiro de 2014 às 11:49
É verdade; não é uma decisão fácil e, se não houver família disponível, é muito dispendioso.
A maior parte das vezes não há, infelizmente, alternativa…
21 de Janeiro de 2014 às 2:12
Ana, você está certíssima! Uma salva de palmas para o seu bom senso. É interessante ver pessoas que tem noção da importância de se educar um ser humano. Parabéns, Ana!
Um beijo,
Manoel
21 de Janeiro de 2014 às 11:51
Manoel,
que bom ouvir esse reforço.
Obrigada! Estava a precisar 🙂
Um beijo,
Ana
21 de Janeiro de 2014 às 12:50
Adorei este post. E concordo plenamente com esta necessidade dos pais/família poderem ficar com os seus rebentos até mais tarde. Ainda temos muito que caminhar. :S beijinhos
21 de Janeiro de 2014 às 15:51
Sem dúvida!
E, infelizmente, parece que o nosso país não caminha nesse sentido…
21 de Janeiro de 2014 às 18:38
Concordo em absoluto. Mesmo havendo liberdade para se tomar tais opções a sociedade incomoda-se e agita-se quando vê que há quem trilhe outros caminhos. Mesmo que tais caminhos sejam absolutamente legais e legítimos os outros irritam-se e apontam o dedo. Enfim, com o tempo tenho vindo a compreender que mais vale fazer orelhas moucas.
Os meus parabéns pela escolha tão ponderada. 🙂
22 de Janeiro de 2014 às 22:41
Subscrevo: ir contra a corrente incomoda…
A solução é esse: sobretudo quando sentimos que estamos certas 😉
22 de Janeiro de 2014 às 8:43
Só é pena nem todos verem as coisas assim, mas pelo menos ja não me sinto tão sozinha é que todas as minhas amigas acham que os filhos devem ir logo para as creches e que estou a ser muito protetora é bom ver que há outraspessoas que pensam como eu.
22 de Janeiro de 2014 às 22:44
Em sintonia, Liliana!
E, sim, sou protectora; é a mim que me cabe essa missão: sou a mãe 😉
Espero que esteja tudo bem convosco.
Beijinhos!
Ana
22 de Janeiro de 2014 às 11:09
Também sinto isso, no entanto, não tenho pais que me salvem e a minha sogra foi uma benção, do alto dos seus 75 anos, pois ficou com o meu filho até ele completar 13 meses. No entanto, nessa altura o meu filho dava sinais de querer interagir com crianças do seu tamanho e por isso pu-lo numa creche e foi incrível a evolução dele, só pelo simples facto de estar rodeado de pessoas do seu tamanho. A acrescentar que a educadora era absolutamente fantástica e perceber o seu modo carinhoso de trabalhar com o meu filho e outras crianças afastou os meus receios de o deixar a estranhos.
Com este segundo filho sei que as coisas serão bem diferentes, pois os 80 anos da minha sogra pesam e eu não tenho mais ninguém a quem o confiar… a não ser a uma creche. E sei que os receios surgirão… e sei que vou querer ficar ao lado do meu segundo filho!…
22 de Janeiro de 2014 às 22:47
São decisões difíceis, mas nem todas as creches são frias.
Ainda há pessoas incríveis…
Eu é que tive azar na minha primeira experiência!
No entanto, a separação é sempre muito dolorosa…
22 de Janeiro de 2014 às 15:28
Que conforto ler o teu post… Eu não tive (não tenho) família perto, por isso deixei de trabalhar e optei por ser mãe a tempo inteiro até ver…. Depois encontrei uma “escolinha” que nasceu de um projecto de pais onde os abraços são muito e os beijos também. Não são mais de 12 miúdos no total, mais uma educadora e uma auxiliar, doces como tias ou avós, que nunca levantam a voz, numa casinha de bonecas. Nestas férias de Natal o Gil (que tem 2 anos) fez birras porque QUERIA ir à escola. Acho que estão no sítio certo, mas sei que foi um tiro no escuro, uma num milhão, uma sorte existir aqui mesmo ao lado.
E sim, concordo que está tudo absolutamente errado. As crianças não devem ser afastadas das mães até estarem prontas para isso. O dito “sistema” não está feito a pensar nas pessoas e no seu crescimento pleno, mas sim num modelo económico em que cada par de braços é mais fundamental à cadeia de produção, do que à sua própria família. Tudo do avesso. Produzimos em excesso, temos coisas que não precisamos, desgastamos o tempo e não sobra para estarmos uns com os outros…
Beijinhos
22 de Janeiro de 2014 às 22:51
Eu também pensei muito na hipótese de deixar de trabalhar através de uma licença…
Eu queria assim uma “escolinha” para a Beatriz 🙂
Não podia estar mais de acordo com o último parágrafo!
23 de Janeiro de 2014 às 12:05
Entendo vc perfeitamente! A creche da minha filha foi minha mãe e minha avó e foi um convívio do qual ela se recorda com imensa alegria. Quando meu caçula nasceu, fui pega de calça curta. Por sorte, ao lado do meu trabalho havia um berçário que tinha acabado de ser aberto, e consegui montar um esquema onde o deixava em alguns momentinhos e, mesmo assim, eu sempre estava lá, amamentando, brincando junto com ele e outros pequenos. Hoje, como ele está com 6 anos, estuda apenas meio periodo e o restante fica com a gente, inclusive fizemos algumas mudanças em nossas vidas para se ajustar a isso tudo. Quando a coisa aperta, os avós nos socorrem e assim a gente tem a oportunidade de vê-lo crescer todos os dias. Beijo
23 de Janeiro de 2014 às 20:06
Acho que é uma alegria que fica para toda a vida.
E temos de ajustar-nos, sem dúvida.
Fiquei curiosa com essa questão: estuda na escola apenas meio período? E depois estuda em casa?
Beijo,
Ana
Pingback: Luz |