Este blog costuma ser luminoso.
Regista a felicidade e a beleza dos dias.
Mas este blog também é intimista, disse-me a minha prima Graça.
Há que registar as fra(n)quezas.
Primeira: às vezes não me sinto preparada para sobreviver a este mundo: sou assim do tamanho da Arrietty.
E só quero viver longe daqueles que destroem a Beleza.
Não percebo quem não quer viver no meio de flores enormes e sentir-lhes o perfume.
Quem ataca gratuitamente, quem dificulta intencionalmente, quem é maledicente, quem incha com um poderzinho… e cultiva essas características.
O meu mundo é outro.
Os meus defeitos são outros.
Sou mais como o Bonifaz Vogel de Afonso Cruz.
Da mesma forma que não compreendo quem não vive para a harmonia e para as artes, tenho perfeita consciência de que não sou compreendida por quem vive para a discórdia e para a desafinação.
A solução?
1-Evitar e ignorar pessoas tóxicas; parar de analisar quem não age com a razão/ coração.
2-Manter a cápsula onde vivo limpa e imune.
3-Acreditar que existem mais Arriety e Bonifaz do que elefantes!
E sei que quem me lê também é um cristal; os elefantes não sabem ler…
N.B. A imagem do livro A Boneca de Kokoschka, de Afonso Cruz, é do blog Alice.
1 de Fevereiro de 2014 às 18:48
Tão bonito, Ana! Atesto que este blog é luminoso como um cristal repleto de afectos! Que assim continue, a espelhar o imenso coração da sua autora. Um grande beijinho!
1 de Fevereiro de 2014 às 20:32
Obrigada pelas palavras tão bonitas…
Iluminam esta tarde chuvosa 🙂
1 de Fevereiro de 2014 às 20:14
não conheço arrietty, mas pareceu-me ver ali algo de polegarzinho e outro tanto da menina do mar de sofia de mello breyner, mundos paralelos, distantes… gosto mesmo deste blog, foi um achado muito bom! beijinho e bom fim de semana. 🙂
1 de Fevereiro de 2014 às 20:34
É uma excelente definição para a Arriety!
A vida também é feita de bons encontros… e (também) através de blogs 😉
Bom fim-de-semana!
1 de Fevereiro de 2014 às 20:30
Ana,
Gosto mesmo muito da sinceridade e delicadeza com que nos transmites tudo.
Valorizas as “coisas ” simples e mais bonitas da vida e isso torna o teu espaço muito bonito e neutro em CO2 !!!!
Só podes ser uma pessoa extraordinária.
Um beijo,
José
1 de Fevereiro de 2014 às 20:53
José,
andava a pensar neste desabafo há algum tempo: sinto-me indefesa perante a rudez (mais ou menos polida; talvez até a polida seja pior…).
E, infelizmente, neste mundo isso é uma fraqueza.
Quanto aos defeitos, esses são outros e cá andam – a caminho do aperfeiçoamento 🙂
Obrigada por me visitares e por fazeres deste espaço um local livre de CO2!
Bom fim-de-semana!
Vi pratos ratinhos numa loja de artesanato: muito bonitos!
Beijo,
Ana
1 de Fevereiro de 2014 às 20:54
Este blog é tudo o que descreveste, por isso só posso acreditar que também o és. Também é por isso que volto aqui regularmente.Quero coisas boas na minha vida e este cantinho é sem duvida uma coisa muito boa. Revejo-me completamente nestas palavras. A única diferença é que em vez de chamar cápsula ao lugar onde vivo, chamo-lhe bolha actimel. (peço desculpa pela publicidade) 😉
2 de Fevereiro de 2014 às 19:05
Votos para que a bolha actimel esteja sempre cheia de janelas bonitas; daquelas que vejo no blog 😉
1 de Fevereiro de 2014 às 23:11
Oh! Ana, que postagem lindinha. Fiquei feliz porque descobri que também sou um cristal.
Um beijo,
Manoel
2 de Fevereiro de 2014 às 18:56
Já sabia 🙂
2 de Fevereiro de 2014 às 12:29
Sentir é para poucos, Ana, infelizmente! Beijo
2 de Fevereiro de 2014 às 18:57
Que frase tão breve e tão verdadeira!
2 de Fevereiro de 2014 às 18:20
A diversidade do mundo e das pessoas facilita distinguir o que é bom e belo.
Ser fiel às nossas convicções e manter-mo-nos assim é uma luta diária.
Não podemos viver numa redoma de vidro, mas podemos imagina-la.
Dou graças a imaginação e ao bom coração, ao meu e ao de muitos.
O teu também que escreves coisas muito bonitas e sensíveis.
2 de Fevereiro de 2014 às 19:06
Preservar a nossa redoma imaginária nem sempre é fácil, mas é essencial!
3 de Fevereiro de 2014 às 12:40
A tuas soluções são excelentes e eu sigo muitas delas, especialmente a primeira.
No entanto, a idade e a maternidade ajudaram-me muito mesmo a deixar de perder tempo a compreender essas “pedras negras”… mais vale focarmo-nos mesmo nos cristais limpídos e luminosos!
Beijinhos
3 de Fevereiro de 2014 às 12:46
Completamente de acordo 🙂
4 de Fevereiro de 2014 às 15:49
Este post deixou-me a pensar durante vários dias. E hoje não resisto a vir aqui contar. Quando o li mexeu comigo e agora entendo: que nos últimos anos construí a minha cápsula…
Vivo na minha felicidade (muito sensível às angústias de um mundo atribulado e cheio de injustiças), afastei-me do que não posso mudar e que sinto que está errado (“patrões” idiotas com sede de poder medíocre e insignificante, pessoas incapazes de se concretizar na sua vida profissional e que enchem os dias dos outros de obstáculos, vidas fúteis ou vazias…).
E dou-me conta ao ler o teu post que o meu cantinho, que fui criando nos últimos anos também é uma cápsula ou uma bolha. Não estou isolada do mundo, nem o abandonei. Mas abandonei os objectos que destruíam um pouco dos meus dias e de mim. E acho que isso está bem assim. Pois com toda a fragilidade que tenho, esta bolha fortalece-me, dá-me oxigénio e incentiva-me a exigir um mundo melhor.
6 de Fevereiro de 2014 às 14:30
Eu também!!!! às vezes não me sinto prepara para esse mundo. Parece que nem a idade (tenho 47) me talhou para esse ofício!
Outro dia mesmo tive que comparecer a um evento do trabalho e aquilo tudo me parecia tão estranho, tão longe do que eu quero ou gosto. E pensei exatamente isso: não estou preparada para viver neste mundo…
Bjs
6 de Fevereiro de 2014 às 22:22
Se calhar a idade apenas confirma essa nossa fragilidade…