Há quatro ou cinco anos, confidenciei a um amigo uma série de transformações que estavam a processar-se em mim e que indiciavam uma crise de meia-idade.
Os hábitos da minha Mãe, que eu nunca tinha apreciado/compreendido, estavam a eclodir:
1- coleccionar sabonetes e perfumar as gavetas com eles;
2- encantar-me com as sementes a germinar;
3- enfeitar a casa com flores;
4- fixar-me nos passarinhos;
5- comprar rendas e bordados;
6- emocionar-me com a Callas ( a minha Mãe é mais com ópera mas, enfim, …);
7- deliciar-me a fazer doces e compotas.
O meu amigo não me levou a sério e disse-me que lhe parecia uma excelente mudança. Até porque sempre tinha gostado muito da minha Mãe.
E assim ficou resolvido o assunto… e o meu preconceito.
A maldição de Oscar Wilde – a desgraça das filhas é assemelharem-se, com a idade, às mães – foi ultrapassada.
Oscar Wilde não percebia nada de flores: desgraça dele…
Há umas semanas descobri este frasco.
E a casa cheira a roupa de cama bordada, seca ao sol, perfumada e engomada.
Melhor do que este perfume do campo da Saboaria Portugueza só mesmo os junquilhos que a Beatriz apanhou no Vale com a prima Cristina.
Já não me lembrava que as flores cheiravam assim.
Quem roubou o perfume das rosas e das flores que aparecem nos mercados?
Têm sido geneticamente modificadas para serem mais resistentes e mais coloridas, mas têm o cheiro de uma triste folha de papel.
Os junquilhos são originários da África do Sul e, muito em breve, vêm viver para os canteiros de uma casa alentejana.
2 de Março de 2014 às 17:44
Ana, é uma verdade gostosa porque está a afiar a sensibilidade em geral. Bem colocada a pergunta sobre o perfume das rosas, rs.
Um beijo,
Manoel
5 de Março de 2014 às 15:43
Muito bem visto, Manoel!
2 de Março de 2014 às 18:05
este blog cheira taaaao bem 🙂
5 de Março de 2014 às 15:43
🙂
2 de Março de 2014 às 18:30
até a mim me chegou o perfuminho. quanto à pretensa maldição, eu só ainda vou na das flores e plantas. sabonetes nas gavetas tenho-os desde sempre, o resto da lista vamos ver… as flores são lindas e dignas de um canteiro alentejano. um resto de bom domingo. um beijinho. 🙂
5 de Março de 2014 às 20:32
A lista vai aumentando silenciosamente 🙂
3 de Março de 2014 às 13:22
Oi, Ana, quem roubou os perfumes das flores do mercado foram os mesmos que nos fizeram acreditar que antigos hábitos não são bons. Beijo!
5 de Março de 2014 às 20:33
Não podia estar mais de acordo!
Beijo!
3 de Março de 2014 às 17:49
Ai… também meto os sabonetes nas gavetas para a roupa cheirar bem! 😀 Também acho que a crise de meia-idade me assolou. Tenho uma série de vasos com bolbos a despontar por toda a casa, lavei as rendas que a minha avó me deu e tenho-as na mesa da sala de jantar e nas mesinhas de cabeceira. É mal geral, está visto.
O frasquinho da Saboária é o quê?
Beijinhos 🙂
5 de Março de 2014 às 20:35
É uma crise bonita e perfumada 🙂
O frasquinho é um ambientador para a casa com óleos essenciais: cheira a flores, mas verdadeiras: não é daqueles perfumes sintéticos 😉
Podia durar mais tempo, para ser sincera… de tão bom que é!
Beijinhos!
3 de Março de 2014 às 23:41
Fiquei com vontade de cheirar esses perfumes.
Em relação as parecenças com a mãe, eu só vi coisas boas! : )
bjs
5 de Março de 2014 às 20:36
É verdade 😉
5 de Março de 2014 às 17:16
Engraçado – eu percebo em mim certos hábitos de minha mãe e, dou risada.
Aliás, nós somos imitadores natos, não é verdade? Bacio
5 de Março de 2014 às 20:37
Depois do período de negação, começamos a achar que afinal as mães têm razão em muitas coisas!
5 de Março de 2014 às 21:03
Também cheguei a essa conclusão. Sabe que hoje ao sair de casa disse pra mim mesma “leva o guarda-chuvas menina que vai chover”… rs Mas no fundo ouvia a voz dela a ressoar pela casa inteira. rs
bacio
6 de Março de 2014 às 13:22
Queria fazer um pedido. Achas que podes fazer um post de como vais plantar os Junquilhos? São lindas, mas tenho receio de fazer asneira. Por outro lado a hortelã menta anda viçosa que só ela. Tenho de fazer um post no fim de semana para poder mostrar. 😉
6 de Março de 2014 às 16:28
Essa maldição atacou-me também! Mas pelo lado do meu pai, com quem tenho uma semelhança física tremenda. O meu pai sempre achou encanto nas casas velhas espalhadas pelos montes, em especial aquelas que estavam em ruínas. Há uns anos atrás achava a ideia dele estapafúrdia.
Hoje em dia dou por mim a olhar para as casas de taipa, mesmo em ruínas e a encontrar-lhes potencial, depois de um belo arranjo.
Quanto à maldição por parte da mãe… bem… essa é assolapada! Desde recuperar máquina de costura, reaprender crochet, aprender bordado e tricot e arrepender-me amargamente de não lhe ter permitido ensinar-me em tenra idade como ela queria… já chega de maldição?!
10 de Março de 2014 às 18:30
Sendo assim já há uns tempos que estou nessa crise de meia-idade.
E não me importo que assim seja. Sinto-me bem assim 🙂