As linhas de comboio e os túneis fazem parte das minhas memórias de infância e das da minha família: vivemos perto do túnel das Alhadas (uma vila perto da Figueira da Foz) – uma notável construção do último quartel do século XIX.
A minha Avó era do tempo da tradição de “furar o túnel” e fê-lo, com o meu Irmão e com a minha Mãe, já com 80 anos.
A minha Mãe corria todos os dias para o apeadeiro para ir de comboio para o Liceu.
Eu e a minha prima do coração fazíamos piqueniques com leite cor-de-rosa (um pó maravilhoso que o meu Tio Manel trazia de terras distantes)… perto do túnel.
Por todos estes motivos sinto-me muito feliz quando vou com a minha prima, trinta anos mais tarde, passear junto à linha de caminhos-de-ferro.
Em excelente companhia.
Muito discreta e com quem partilhamos segredos e confidências.
Embora, às vezes, não disfarcem sorrisos como este.
A única tristeza é que, num golpe de génio, num país de pessoas pobres, acaba-se com um meio de transporte acessível, depois do investimento em caminhos-de-ferro estar feito.
Mas de golpes de génio já estamos todos saturados!
4 de Fevereiro de 2015 às 22:13
É uma pena ver um pouco por toda a parte, as linhas serem “encerradas”. Nem falo no ramal da Lousã… Beijinhos
5 de Fevereiro de 2015 às 13:44
Penso que a linha do túnel das Alhadas seguia depois para a Lousã.
4 de Fevereiro de 2015 às 23:16
” acaba-se comum meio de transporte acessível, depois do investimento em caminhos-de-ferro estar feito” e transforma-se num meio de transporte caro onde cada vez menos andam…génio triste. Concordo contigo…
Obrigado pela partilha destas memórias lindas…fizeram-me recordar as viagens de Lisboa para o Fundão na linda linha da Beira Baixa com cento e não sei quantos apeadeiros que o meu Avô sabia de cor! :))
5 de Fevereiro de 2015 às 13:43
E que bela viagem devia ser 🙂
9 de Fevereiro de 2015 às 14:44
Sinto saudades dos trilhos, do som da locomotiva e dos vagões… a espera na plataforma, as estações que se sobrepunham. Era assim que começavam as minhas férias de verão na infância. Cá em São Paulo não há mais trens, apenas cemitérios de vagões e o que restou das estações, algumas viraram museus, outras rodoviárias. Aqui dão preferência as estradas de asfalto, sem trilhos.
Meu imaginário, tenho certeza, se estabeleceu em definitivo dentro de um vagão de trem.
bacio
14 de Fevereiro de 2015 às 16:44
E eu que gosto tanto de andar de comboio.