Em Estremoz há muitos ciganos.
Não convivemos, mas vamo-nos cruzando e, por acaso, até já rimos juntos.
Na sala da escola da Beatriz, há um menino cigano: só percebi quando alguém me disse.
No meu contexto profissional, conheci três mulheres ciganas que abandonaram as suas comunidades.
Em momentos diferentes, em contextos diferentes, em locais diferentes.
Só a história era parecida.
Com essas falei muito e percebi que a separação foi voluntária, desesperada, dolorosa e resultou da intransigência familiar ou da comunidade.
A tradição cigana é para cumprir sem questionar, mesmo que não se concorde com ela ou que envolva violência, fome, ignorância, humilhação ou falta de possibilidade de escolha.
Nestas conversas, muito íntimas, reconheci-me na relação que têm com os filhos:
atrevo-me a dizer que o amor delas é mais avassalador ou feroz, talvez porque não tenha filtros nem quaisquer condicionantes sociais.
No meu percurso até Elvas, encontro, por vezes, ciganos nómadas; os últimos de Portugal.
Quase me esqueço dos relatos destas três mulheres que conheci.
Invade-me um sentimento de Liberdade e Poesia, ao ver as carruagens puxadas por cavalos, as fogueiras a faiscar nos acampamentos, as crianças a correr pelos campos, a roupa a secar ao vento, …
E este olhar duro mas cheio de dignidade.
Mas, sinto-o, também muito sofrido.
O fotógrafo Pierre Gonord aproximou-se e fotografou-os.
A exposição esteve em Évora e está agora em Nova Iorque.
12 de Abril de 2015 às 22:15
Vi estas fotografias há uma semanas numa reportagem na net e fiquei absolutamente fascinada pela sua beleza e transparência. Muito belo o teu artigo. Beijinho
13 de Abril de 2015 às 9:57
por um lado uma identidade, por outro, muita marginalidade num sentido lato. boa semana.
beijinho.
13 de Abril de 2015 às 11:23
As fotos são maravilhosas. E achei o artigo muito sensível e equilibrado. Pena que muitos partam logo para o preconceito e falta de tolerância.
Espero que a comunidade cigana avance para o progresso na forma de tratar os seus membros do sexo feminino.
13 de Abril de 2015 às 16:09
Olá, Ana!
Tb na minha vida profissional já tive alunos ciganos.
Foram sempre relações normais, e fiquei mesmo amigo do António que me foi visitar de propósito,muito recentemente.
Identificou-se comigo e não foi visitar outros antigos profs.
Fiquei muito contente com o significado desta visita.
As fotografias são lindas .
Beijo,
José
Pergunta : como vamos de açucar ?
13 de Abril de 2015 às 16:50
Olá, José!
São meninos especiais e que vivem num contexto muito diferente do nosso; também nunca tive más experiências…
Em relação ao açúcar, vou-me portando bem… pronto, ontem houve um deslize: numa festa de anos “tive” de provar o bolo de aniversário, mas foi mesmo provar.
Sabes que descobri que me sinto muito melhor sem guloseimas?
Beijo,
Ana
13 de Abril de 2015 às 17:41
Já tinha visto esta reportagem e são de facto lindas. Ele é um excelente retratista. Tive uma amiga fotografa que conseguiu uma coisa inédita à uns anos: fez uma reportagem fotográfica com a comunidade cigana com principal incidência nos homens. Coisa difícil de acontecer, porque normalmente só facilmente fotografando as mulheres. Bjs
13 de Abril de 2015 às 18:04
Realmente é mesmo inédito: é preciso conquistar a confiança e ser ousada 😉
13 de Abril de 2015 às 18:10
De ousada ela tinha muito. Foi o que lhe valeu para ter oportunidade de fazer lindos trabalhos.
14 de Abril de 2015 às 5:18
Só tive contato com ciganos duas vezes. A primeira foi na Espanha. Fiquei encantada com o estilo de vida, ainda era menina é minha mãe tratou de cortar-me as ilusões com relação a isso, pintado o lado ruim de ser nômade.
E aqui em São Paulo, que comumente há velhas ciganas no Vale do Anhagabau (nome indígena que comumente me dá nó na língua). Elas ficam por lá para fazer leituras das mãos, com suas roupas coloridas e seus dentes de ouro na boca.
Bacio