Entre a primeira versão do pai rechonchudo ou a segunda, opto, muitas vezes, no correr dos dias, pela primeira.
Numa altura em que filhos (e pais!) têm de ser perfeitos e encaixar nos perfis, percentis e metas e certezas esperados para a idade, cada vez tenho mais vontade de “mandar tudo às urtigas” e gritar “respeitem o ritmo de cada criança e a intuição dos pais”.
Que mundo acelerado e cheio de objectivos a cumprir!
Às vezes dou por mim com a ansiedade que imagino que seja vivida por um atleta de obstáculos… em vez de gozar cada fase da vida que nunca mais se repete.
Ora, nestes obstáculos que crianças e pais têm de ultrapassar (e há uma check list bem grande para cada idade), há um especialmente polémico: o Cosleeping.
Mais não é do que o nome pomposo (em inglês, pois claro!) do que o que se fez toda a vida e se chamou “dormir no quentinho dos pais”.
No meu caso, é uma questão de CoSurviving ou CoSerenity.
Cada família tem as suas dinâmicas, regras e afectos, mas dormir com os pais pode ser muito retemperador para os filhos (e para os pais!) que assim o desejem.
A nós, reequlibra-nos, especialmente nas ausências demasiado prolongadas dos dias agitados.
Às vezes, fico com a luz acesa a ver a imagem, em versão anjo, que mal fixei durante o dia; outras, deixo-me embalar com a cadência da respiração pequenina; outras ainda, fico a pensar que, com a pré adolescência cada vez mais precoce, já não terei muitos anos desta doçura.
E eu quero aproveitar tudo enquanto a tenho no ninho.
Até concretizar as palavras de Rubem Alves:
“Sei que é inevitável e bom que os filhos deixem de ser crianças e abandonem a proteção do ninho. Eu mesmo sempre os empurrei para fora. Sei que é inevitável que eles voem em todas as direções como andorinhas adoidadas.
Sei que é inevitável que eles construam seus próprios ninhos e eu fique como o ninho abandonado no alto da palmeira… Mas, o que eu queria, mesmo, era poder fazê-los de novo dormir no meu colo…!”
Durmam bem!
Ilustrações Soosh.
8 de Junho de 2016 às 9:05
Belo artigo. Nem por acaso, hoje foi dia de Cosleeping cá em casa: a meio da noite uma menina com um pesadelo a pedir refúgio! Adorei as imagens! Beijinhos
8 de Junho de 2016 às 14:22
Às vezes tem de ser: ontem cheguei depois das 20:00h a casa – nem discuti a questão!
A cama da mãe é o local mais seguro que existe e antipesadelos; e o cheirinho das filhas é o melhor ansiolítico que existe 🙂
Beijinhos!
9 de Junho de 2016 às 9:09
Muito bom. 🙂 Cá em casa acordamos sempre de manhã com a pequena a dormir ferrada no meio de nós. E raramente damos pela chegada dela!
9 de Junho de 2016 às 11:57
Deve ser transportada pela fada dos sonhos 😉
20 de Julho de 2016 às 1:46
Eu fazia muito isso em minha infância ou nos dias frios em que mio babo estava a viajar. E que delícia encontrar Rubem Alves por aqui… adoro as linhas dele.
bacio
20 de Julho de 2016 às 11:23
Quem nunca fez que atire a primeira pedra 🙂