-Mãe, não queres brincar comigo?
-Só um bocadinho… agora não posso.
-Mas queres brincar comigo?
-Quero, claro!
(Ui, parece-me que menti…)
Gosto de ver filmes infantis, gosto de passear e ir ao mercado com a Beatriz, gosto de ler livros infantis, gosto de ir para a cozinha com ela e ficar com farinha no tecto, mas não gosto de brincar.
Custa-me!
“Agora tu és a Elsa e eu sou a Ana e tu lanças gelo das mãos para fazer bonecos de neve!”
“E depois… pegas no biberon e dás o jantar ao bebé.”
Socorro!
Brincar não é divertido; por algum motivo deixamos de fazê-lo aos 10 anos!
Nos dias em que me esforço muito, tento arranjar qualquer coisa que também seja um bocadinho menos penosa para mim e (verdade mesmo!) que entretenha e envolva a Beatriz durante algum tempo.
Fizemos um carro com muitos botões, muitas funcionalidades e cheio de pormenores laterais desenhados e colados pela Beatriz (durante largos minutos!).
E que me destruiu as costas em 10 corridas pela casa!
Construímos um teatro de dedoches.
As fotografias revelam que o investimento foi mais da Beatriz do que meu, não é?
Depois dos meus parágrafos iniciais acho que estou desculpada…
30 de Outubro de 2016 às 23:42
Ana, se me permite tratá-la pelo seu nome, vou acompanhando o blogue sempre que posso. Há momentos em que me identifico, há outros em que me afasto, pelos temas, pela abordagem, não sei. A minha opinião Vale o que vale, afinal os blogues são na maioria das vezes encenações de projeções de vidas que se querem bonitas, harmoniosas sem o serem, ou pelo menos pouco realistas. Inventam-se cenários mais ou menos elaborados. Fazem-se famílias felizes mesmo quando a distância há muito as separou.
Hoje trouxe para o seu espaço um tema que numa primeira abordagem faz todo o sentido enquanto pessoa que não gosta de brincar, mas escrever “Brincar não é divertido; por algum motivo deixamos de fazê-lo aos 10 anos!”, custa-me ler vindo de uma professora. Brincar é divertido e são os adultos que não sabem fazê-lo que vão inibindo essa capacidade inata nas crianças. “Já não tens idade para…” claro que têm e devem ter a oportunidade de terem pessoas que lhes estimule a imaginação. Não bastam os livros, os bolos, os passeios, às vezes é preciso ser criança
Desculpe o desabafo
Um abraço
Luísa
31 de Outubro de 2016 às 14:53
Luísa,
obrigada pelo comentário, é sempre bom partilharmos pontos de vista.
No meu blog, partilho o que penso e os momentos da minha vida que quero; quanto aos outros blogs, não sei, nem ajuízo… partilharão o que acham conveniente/oportuno/pertinente…
Quanto ao tema do post, eu assumi que não gosto de brincar e é verdade, o que não faz de mim a adulta que diz: “Já não tens idade para…”; isso já é uma inferência da Luísa…
Ser professora exige múltiplas competências e estou em paz com elas, felizmente, com os meus defeitos e qualidades, sem dúvida.
Os meus alunos, até pela idade (12ºano), não brincam como a minha filha de 5, o que não quer dizer que não haja sentido de humor nas aulas, afectividade, cumplicidade, partilha de amor pelos livros, muito trabalho, etc.
Um abraço,
Ana
31 de Outubro de 2016 às 13:37
Também não gosto de brincar. Brinquei até aos 14 anos por causa da minha irmã mais nova. De vez em quando dou de caras com artigos que dizem que os pais devem brincar com os filhos. Não sei… Os meus pais nunca brincaram comigo e pouco brinco com ela. Não gosto e nem consigo. Sinto um bloqueio mental imenso. Para lidar com a culpa que imensos artigos me lançam arranjo forma para que ela brinque todos os dias com outras crianças. E a minha culpa fica mais tolerável.
31 de Outubro de 2016 às 13:56
Totalmente em sintonia; e também utilizo essa estratégia, muito, muito 🙂
É tão bom vê-la brincar com outra criança que está totalmente predisposta e a vibrar com isso!
A culpa é inerente à maternidade, não é? Mas não nos faz nada bem!
31 de Outubro de 2016 às 21:25
Confesso que também não sou muito para brincadeiras e sinto-me culpada! Mas sempre que me pedem para brincar, sugiro um jogo, brincar aos médicos ou às cabeleireiras, porque querem que eu seja a “cobaia”, e assim fico sossegadinha e elas super contentes à minha volta. 😉 Beijinhos (adorei o carro e o teatro!! Lindos!)
1 de Novembro de 2016 às 11:39
Também gosto de estar na maca enquanto a Dra. Beatriz me mede a tensão e faz análises e curativos nos braços 😉
Um dos grandes desafios de ser mãe é libertarmo-nos da culpa, não é?
Beijinhos e momentos felizes para vocês!!!