Por razões profissionais, releio, ininterruptamente, Pessoa.
Leio, releio, páro em cada verso, analiso e reflito acerca de diferentes concepções de vida (definidas por cada heterónimo) e questiono-me.
Apesar da leitura sistemática fazer parte do meu trabalho, da “prosa da vida”, fico feliz quando esta coincide, literal e metaforicamente, com a “poesia da vida”.
Edgar Morin explica muito bem a diferença entre a prosa da vida e a poesia da vida e como elas nos proporcionam (ou não) Felicidade:
“O verdadeiro problema não é a felicidade – é a questão que faço a mim próprio, porque a felicidade é algo que depende de uma multiplicidade de condições. Eu diria que o que causa a felicidade é frágil.
Para mim, o problema da felicidade é subordinado àquilo que chamo de ‘o problema da poesia da vida’.
Ou seja, a vida, a meu ver, é polarizada entre a prosa – as coisas que fazermos por obrigação e não nos interessam para sobreviver.
E a poesia – o que nos faz florescer, o que nos faz amar, comunicar. E é isso que é importante.
Então, eu digo que o verdadeiro problema não é a felicidade. Porque a felicidade é algo que depende de uma multiplicidade de condições e eu diria mesmo que o que causa a felicidade é frágil, porque, por exemplo, no amor de uma pessoa, se essa pessoa morre ou vai embora, cai-se da felicidade à infelicidade.
[…] Em outras palavras, não se pode sonhar com uma felicidade contínua para a humanidade. É impossível, porque a felicidade, repito, depende de uma soma de condições. Então, por outro lado, o que se pode dizer? Pode-se tentar favorecer tudo o que permita a cada um viver poeticamente a sua vida e, se você vive poeticamente, você encontra momentos de felicidade, momentos de êxtase, momento de alegria e, na minha opinião, é isso”.
Na minha também!
Texto aqui
Imagem de Luci Gutiérrez.
9 de Dezembro de 2016 às 19:17
Eu sinto isso e nem sabia!!!! Esse texto me explicou a mim mesma!
Bjs
9 de Dezembro de 2016 às 20:33
Tão verdadeiro e tão bonito. 🙂 Fico a pensar na poesia da vida… Beijinhos