A vida podia ser só assim…
Com passarinhos a soltarem-se dos nossos dedos…
E nós com eles, até nos crescerem asas.
Mas há o mundo, há os outros e… existimos nós, com as nossas incoerências, conflitos, hormonas, aspirações e cobardias.
Há alturas de lutar e alturas de pacificar.
Com a idade, fui pacificando cada vez mais, ou melhor, fui escolhendo as minhas lutas com mais parcimónia e lucidez.
A minha energia é preciosa.
Abomino perder tempo com grelhas, planificações, declarações, autorizações e papelões inúteis, em vez de mergulhar em literatura ou ajudar quem posso (verdadeiros objetivos da minha profissão), mas agora apenas faço um esgar de desagrado e tento ser uma “profissional cumpridora”.
Indigno-me com o exercício dos pequenos poderes por pessoas igualmente pequenas, mas agora digo palavrões em silêncio e viro costas.
Não suporto o cheiro a mofo das convenções, preconceitos e aparências, mas agora, a menos que essas pérolas estejam a ser exercidas, afasto-me a sete pés de conversas estupidificantes.
Assim, enquanto posso, refugio-me no meu mundo, onde só entra quem for como eu, verdadeiro apreciador de flores e andorinhas.
Ilustração Dominique Fortin
20 de Maio de 2017 às 12:59
É assim mesmo, com o tempo a gente para de perder tempo com certos aborrecimentos, melhor colocarmos nossas energias naquilo que vale a pena. Belíssimas ilustrações! Grande beijo
21 de Maio de 2017 às 15:44
Nossa, perfeito para essa manhã de domingo aquecida pelo ódio coletivo que a política causa por aqui.
bacio