O que dizer a um filho que sofre por amor?
“_ Lembra-te de que eu estou aqui.
Neste momento, podes não querer sentir nada.
Talvez queiras nunca ter sentido nada.
Talvez não seja comigo que queiras falar sobre estas coisas, mas é óbvio que sentiste alguma coisa.
Vocês tiveram uma amizade bela, mais do que uma amizade.
Eu invejo-te.
A maioria dos pais, no meu lugar, desejaria que o sentimento esmorecesse, para que o filho não sofresse mais, mas eu não sou esse pai.
Destruímos tanto de nós para ultrapassarmos depressa a dor que chegamos aos trinta anos e estamos totalmente esgotados.
De tal forma que temos cada vez menos para dar em cada relação que encetamos.
Mas tentar não sentir nada, para não sentir nada [de doloroso]… que desperdício!
Fui longe demais, filho?
Vou dizer mais uma coisa.
A dor vai aliviar.
Eu posso ter chegado perto, mas nunca tive o que vocês tiveram. Houve sempre algo que me reteve e me impossibilitou.
Tu é que sabes como queres viver a tua vida, mas lembra-te: só recebemos uma vez um corpo e um coração.
Quando damos por nós já não sentimos o coração.
Quanto ao corpo, chega um momento em que já ninguém olha para ele e muito menos deseja aproximar-se.
Neste momento, lamentas, sentes dor. Não a mates. É com ela que está o prazer [joy] que sentiste.”
Este monólogo do actor Michael Stuhlbarg pertence ao filme “Chama-me pelo teu nome” de Luca Guadagnino.
Um filme sobre o primeiro amor, pleno de sensualidade, intensidade, cheiros, sabores, brisas, risos, brilhos e sombras, texturas, sussurros e arrepios… tal como na primeira paixão.
Um monólogo para interiorizar, no caso de eu ter a sorte de ser confidente do primeiro amor da minha filha.
12 de Dezembro de 2018 às 2:31
Que discurso, que filme, que banda sonora… chorei tanto…
12 de Dezembro de 2018 às 11:10
Um filme muito profundo, Matilde!
Magnífico!