A propósito da proliferação de programas de televisão hediondos que transformam as relações entre humanos num espectáculo sórdido;
A propósito desta fúria de publicar todos os momentos da vida, esquecendo o significado da palavra intimidade;
A propósito de declarações despudoradas nas redes sociais e #amordaminhavida / #morroporti;
surgem-me as palavras de Egito Gonçalves:
“Uma declaração de amor não é acontecimento do domínio público, uma baleia que vara na praia sob o sol dos desastres e convoca multidões, desalinhando hábitos quotidianos;
uma declaração de amor é um acto de grande intimidade que ergue um véu transparente de onde brotam mel e pássaros azuis. As palavras directas ou indirectas, ditas ou escritas, suscitam a carícia única, irrepetível, a leve percussão que desenha no silêncio a imagem do que se ama.
E assim terá de se guardar. Num lugar seguro onde os sismos não possam encontrar o mapa do tesouro. ”
Egito Gonçalves, O Mapa do Tesouro
As fotografias são da alemã Katharina Geber, do meu site de eleição IGNANT.
14 de Março de 2019 às 8:05
Tão verdade. ❤
14 de Março de 2019 às 9:56
Estranhos tempos os nossos, Joana!
17 de Março de 2019 às 1:02
Sim, nossos tempos são um bocadito esquisitos. Perdi meu amigo canino e muitos não souberam porque não anunciei. Era meu amigo, não era para o mundo. Publicava fotos de Patrick eventualmente, mas deixei de fazê-lo ao perceber que os anos incidiam sob sua figura de menino. Nada disse e me cobraram. Num dia de zanga, ralhei “ele não iria ler, era um cachorro e não interessava a outro que não a ele a falta que me faz”. Fim… rs
bacio cara mia
17 de Março de 2019 às 19:44
Há dores e alegrias que são só nossas! A perda de um amigo (canino ou não) é uma delas.
Um abraço apertado e um bacio!