Joan Miró nasceu em Barcelona, em 1893, e descreve a Arte:
“O que importa é pôr a nossa alma a nu. Pintura ou poesia fazem-se como se faz amor: uma troca de sangue, um abraço total, sem nenhuma prudência, nenhuma protecção,…”
♥
Alexandre O´Neill nasceu em Lisboa, em 1924, e creio que acreditava que só o humor nos pode salvar da mesquinhez do quotidiano. Talvez julgasse também que só o amor salva o ser humano da sua pequenez. Provavelmente, acreditava que o humor e o amor rimam muito para lá da fonética.
Em 1960, escreve “O amor é o amor”.
Descreve o sentimento de forma aparentemente infantil, mas na verdade caracteriza-o como sentimento absoluto: “o amor é o amor”. É para ser vivido em liberdade, “sem destino, sem medo, sem pudor”.
E como podemos reflectir sobre o que vem depois? Desconhecemos o futuro de um sentimento que ultrapassa o terreno humano e que toca o sonho – “Vamos ficar os dois/ a imaginar, a imaginar?…”
O amor é o amor
O amor é o amor — e depois?!
Vamos ficar os dois
a imaginar, a imaginar?…
O meu peito contra o teu peito,
cortando o mar, cortando o ar.
Num leito
há todo o espaço para amar!
Na nossa carne estamos
sem destino, sem medo, sem pudor
e trocamos — somos um? somos dois?
espírito e calor!
O amor é o amor — e depois?
Alexandre O’Neill, in Abandono Vigiado

Egon Schiele nasceu em 1890, na Áustria, e foi discípulo de Gustav Klimt. Explorou o corpo humano e, em 1917, pintou “O Abraço”.
Foi ousado e causou escândalo na sociedade vienense.
Também ele “pôs a alma a nu” ao pintar o amor.