Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos…
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.
Vinicius de Moraes

Feliz Natal!
Uma ceia florida da ilustradora Maori Sakai!
23 de Dezembro de 2019 às 11:00
As palavras dos poetas estão sempre lá para nos ajudar no encontro com os outros e connosco. Muito obrigada por este encontro de amizade e poesia.
De Sophia:
“Presépio é qualquer berço
Onde a nudez do mundo tem calor
E o amor recomeça”
Que o teu Natal seja esse berço!
Margarida
4 de Janeiro de 2020 às 20:21
Muito obrigada, Margarida!
Pelo carinho, pelo poema e pelos votos!
Um abraço apertado!