valter hugo mãe chama-me sempre à razão, mesmo quando eu estou cheia de mim como, por exemplo, no caso da eutanásia ou do discurso de Ramalho Eanes, ou quando hesito e estou sem saber bem o que pensar.
No caso deste texto, estamos em total sintonia.
poema sobre o amor eterno
inventaram um amor eterno. trouxeram-no em braços para o meio das pessoas e ali ficou, à espera que lhe falassem. mas ninguém entendeu a necessidade de sedução. pouco a pouco, as pessoas voltaram a casa convictas de que seria falso alarme, e o amor eterno tombou no chão. não estava desesperado, nada do que é eterno tem pressa, estava só surpreso. um dia, do outro lado da vida, trouxeram um animal de duzentos metros e mil bocas e, por ocupar muito espaço, o amor eterno deslizou para fora da praça. ficou muito discreto, algo sujo. foi como um louco o viu e acreditou nas suas intenções. carregou-o para dentro do seu coração, fugindo no exacto momento em que o animal de duzentos metros e mil bocas se preparava para o devorar
valter hugo mãe, in ‘contabilidade’

Fotografia da polaca Sonia Szostak.
25 de Abril de 2020 às 6:01
Ah, os loucos… tenho apreço por eles.
Acho que a loucura nos salva de nós mesmos.
Talvez por isso que a arte nos permita a loucura para que a gente compreenda a não-loucura e a espie de canto de olho e pense, ficarei com a loucura. rs
bacio
25 de Abril de 2020 às 17:09
Ficarei com a loucura, sim!
Hoje é a comemoração do Dia da Liberdade em Portugal, um dia que só chegou porque muitos cometeram a loucura de sonhá-lo!
Bacio, Lunna!