Cora Coralina é o pseudónimo da escritora brasileira Ana Lins de Guimarães Peixoto (1889-1985).
Foi poeta e contista, teve seis filhos e, depois de enviuvar, tornou-se doceira. Além de fazer os seus doces, Aninha, como lhe chamavam, escreveu a maioria de seus versos entre o açúcar e o fogão.

Cora começou a escrever aos catorze anos (mais ou menos a altura em que deixou a escola), mas publicou o seu primeiro livro aos 76 anos.
Esta história impressionou-me, mas ainda mais este poema que parece ter sido escrito para esta Aninha que o copiou para aqui.

Aninha e suas pedras
Não te deixes destruir…
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede.

Quantas Anas haveria dentro de Cora (pseudónimo que resultou da adaptação da palavra “coração”)?
Tantas que viveu até aos 96 anos!

As ilustrações são da canadiana Annya Marttinen, que me foi apresentada pela minha querida amiga Carmen, companheira de leituras e desventuras.

27 de Junho de 2020 às 11:38
Lindo Ana! Beijos! ❤️
28 de Junho de 2020 às 15:47
Nos tempos que correm, precisamos tanto de modelos que nos inspirem.
Que tensão que anda no ar!
Um grande abraço, amiga!