A indústria da moda é uma das mais poluentes do mundo.
A primeira é a petrolífera.
Fiquei com a minha consciência ecológica muito inquieta, ao ler esta notícia.
“Uma t-shirt produzida a partir de algodão convencional gasta 2700 litros de água, o equivalente ao consumo médio por pessoa durante dois anos e meio.”
Como faço a separação do lixo, consumo pouca carne, privilegio alimentos de produção local e já não faço viagens diárias de carro, habituei-me a pensar que não é por minha causa que os recursos anuais da Terra se esgotam cada vez mais cedo. Nada mais errado.
Há um consumo desmedido de roupa no mundo ocidental: as colecções de fast fashion são lançadas de 15 em 15 dias (o factor novidade incrementa as compras!), o que implica emissões descomunais de gases, consumo de água e outros recursos naturais (e humanos) astronómicos!

Estranhamente, só quando comecei a ter de organizar o meu quarto de vestir é que vi o disparate de roupa e calçado que tinha espalhado em vários armários. Demorei semanas a seleccionar e doei montanhas de peças.
Acumulei, durante anos, sem pensar, e o facto de comprar muito em outlet aliviava-me a consciência.
O advérbio “muito” arruina qualquer equação…

Obviamente que comprar mais do que o razoável, para além de ser um sinal da minha vaidade, também reflecte um desajuste em relação às minhas verdadeiras necessidades, ou pior, uma fuga das minhas reais necessidades.
Há uns meses, senti necessidade de fazer uma pausa.
Coincidiu com esta paragem global que fomos obrigados a fazer, mas a verdade é que, apesar de todos os perigos exteriores, interrompi o ritmo frenético em que andava e foquei-me no que preciso para ser feliz.
Definitivamente, não preciso de tanta roupa…

Acabei de lançar um desafio a mim própria: não comprar qualquer peça de roupa ou acessório (para mim ou para a Beatriz) durante dois meses. Pode parecer pouco para quem é contido, mas para mim é uma mega aventura.

É verdade que andamos semi-confinados e o apelo das lojas físicas não é evidente, mas ainda assim o desafio é muito válido. As compras online impuseram-se, por aqui, desde Março…
O outro desafio consiste em ser suficientemente criativa e reinterpretar a roupa que já tenho. É mais do que suficiente. A minha Mãe que o diga…

Tenho andado mais pelo Pinterest do que por lojas online e estas imagens são da minha nova diva, Emanuelle Alt, a quem não falta roupa… Espero, no entanto, que me inspire a reinventar, com pormenores como os cintos ou combinações mais improváveis.

Uma inspiração da editora da Vogue parisiense para me levar a consumir menos? Não deixa de ser irónico, mas tanta incoerência pode ser que resulte.

Quero ser mais livre, mais equilibrada e ter mais dinheiro para fazer o que realmente gosto: organizar a minha casa, conviver com os que amo e passear com a Beatriz.
Para já, pretendo fazê-lo num raio geográfico apertado, mas este bicho não há-de infernizar-nos para sempre.


Ficam as dicas de Emanuelle Alt, válidas para ser designer de moda… ou para viver melhor:
1- Be funny!
2- Be creative!
3- Be on time!
4- Work hard!

6 de Novembro de 2020 às 11:55
Muito importante é para pensar!
7 de Novembro de 2020 às 17:41
Todas as nossas acções têm repercussões, muitas vezes esquecemo-nos disso!
Um abraço, Dulce!
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