A melhor ficção actual está nos livros, mas também nas séries de televisão.
Resisti muito a esta evidência, presa aos meus preconceitos intelectuais.
Não vi muitas séries, nem pretendo ver, porque o tempo não é elástico e não posso correr o risco de ficar sem disponibilidade para a leitura, mas já descobri três incríveis.
1- Chernobyl
Uma série dividida em cinco partes, baseada no terrível acidente nuclear de Chernobyl de 1986, com todos os meandros políticos e pessoais chocantes que (nem) imaginamos. Tão perfeita a todos os níveis que fiquei com a sensação de estar a assistir a um incrível documentário.
2- Years and Years
Com Emma Thompson. Não é preciso dizer mais, mas ver a Emma Thompson como André Ventura, em versão “à solta”, revista e aumentada… e Primeiro Ministro é aterrador. Só a Emma Thomson para fazer esta figura terrivelmente sublime!
Assistimos, em poucos episódios, ao passar dos anos nas próximas décadas.
Tudo o que nos ameaça e preocupa, hoje, concretiza-se e vive-se numa distopia (in)esperada:
- as alterações climáticas levam mesmo a chuvas diluviais e à subida da orla costeira de muitas cidades europeias, há desalojados de todas as condições sociais e de todos os países; procuram entrar na Grã-Bretanha muitos refugiados políticos desesperados; assistimos a ataques terroristas com armas químicas; temos direito a uma pandemia mais mortífera do que a que vivemos actualmente; a vitória de partidos de extrema direita leva à eliminação de direitos básicos nas democracias que conhecemos, os homossexuais são perseguidos; os jovens desenvolvem bizarras obsessões cibernéticas, …
Esta série é um alerta poderoso para o que nos pode acontecer, no futuro, se não agirmos, no presente.
3- A Casa de Papel
Quem é que nunca sonhou em roubar um banco, dar um estalo ao capitalismo e ainda ter dinheiro para viver no paraíso, sem prejudicar outro comum mortal?
Mais do que o assalto perfeito à Casa da Moeda de Espanha, este bando assina um manifesto político. Adrenalina, humor, intervenção e sensualidade em doses bem altas.
Vi outras séries com interesse:
- Ozark: uma série formalmente irrepreensível; retrata a vida de uma família comum que se envolve com um cartel de droga mexicano. Violenta e viciante, conta com as atrizes Laura Linney e Lisa Emery.
- Normal People: a série que eu deveria ter visto quando tinha vinte anos.
- Dietland: e se deixássemos de questionar o nosso corpo? E se fossem os homens a aparecer objectificados nas capas das revistas? E se as mulheres deixassem de ter medo de andar, na rua, sozinhas à noite? Para isso era preciso que acontecesse uma revolução! Acontece, nesta série. O feminismo continua a ser um movimento pacífico, mas há um grupo armado de feministas que espalha o terror entre os homens abusadores.
Pingback: Tu |
3 de Janeiro de 2021 às 23:30
Olá, minha cara…
Já ouvi falar das séries que mencionou.
Assisti alguns episódios de La casa de papel, mas não é para mim. Bocejei e o meu interesse mingou rapidamente. A primeira, apenas o nome me interessou. Falta tempo para ficar diante da TV. Sempre que tenho é para ver um ou outro noticiário e saber que prefiro a ficção, as páginas dos livros. AH, e as cartas… quero voltar a elas. Senti muita falta ao escrever novamente em meu diário.
Que seja um ano inteiro por aí.
bacio
4 de Janeiro de 2021 às 17:38
Lunna, é muito verdade, o tempo não estica e é preferível guardá-lo para a leitura.
Um 2021 pleno!
Bacio!