A propósito de sensibilidade e da ténue linha que separa a delicadeza (que nos conserva humanos) e a falta de esperança crónica (próxima dos estados depressivos), surgiu-me Anne Sexton, uma poeta norte-americana (1928-1974), que sofreu alguns colapsos psíquicos.
Felizmente, em 1955, conheceu o médico Martin Theodore Orne, terapeuta que a encorajou a escrever poesia, como forma de mitigar a imaginação transbordante e a invulgar sensibilidade poética.
Boas prescrições médicas, por certo, mas a vida sobrecarregava-a com deveres domésticos, modelos femininos arcaicos, drogas e álcool. Reservou-lhe, finalmente, o Prémio Pulitzer, em 1967.
Este excerto do poema “Frágil Fio”, foi publicado no Instagram de Raquel Marinho.
Fico sempre espantada com a forma aparentemente simples como um poeta coloca em evidência verdades universais.
“Como já se disse:
O amor e a tosse
não podem ser disfarçados.
Nem mesmo uma pequena tosse.
Nem mesmo um pequeno amor.”
“Portrait of a heart” é um quadro do artista austríaco Christian Schloe.
Manter assim o coração é muito cansativo, mas deixá-lo apagar é trágico.