A infelicidade sofisticada é inútil.
Suja-nos e impede-nos de crescer.
A outra infelicidade, a incontornável, poderá permitir-nos evoluir ou encontrar espaços dentro de nós que, até aí, desconhecíamos.
Poderá ajudar-nos a encontrar a solidez de que precisamos enquanto seres humanos, porque “já aí estivemos”, porque “já passámos por isso”, porque sabemos que, por vezes, a vida é dura.
Poderá ajudar-nos a encontrar o verdadeiro sentido da palavra solidariedade:
do latim “solidare”, que significa, etimologicamente, “solidificar”, “confirmar”.
A origem é a mesma do adjetivo “sólido”: “que tem consistência, que não é oco, que não se deixa destruir facilmente”.
Não será esse o objectivo da nossa vida?
Os artistas, os escritores, os realizadores, criam muitas vezes a partir de momentos difíceis e fazem a sua catarse com as obras de arte.
E nós, através dessas obras, experienciamos os mais terríveis cenários na segurança da nossa poltrona.
É esse também o poder da Arte: levar-nos ao inferno com cinto de segurança.
A outra infelicidade, a negra, provocada pela doença ou morte ou perda ou guerra ou fome não devia existir.
Julia Pott e um Universo onde apetece viver por algum tempo, totalmente feliz, em versão lobita, claro!
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