Há alturas em que tudo se acumula:
a profissão com momentos desgastantes;
as horas na cozinha a tentar responder prontamente às encomendas;
o quintal com ervas daninhas e tão abandonado;
as mil ideias para escrever no blog;
os livros à espera na mesa de cabeceira;
a casa a ficar caótica;
a Beatriz a precisar do Tempo da Mãe.
Exceptuando a primeira e a última referência da lista, tudo o resto podia desaparecer da minha vida.
Então por que razão corro?
Por que me exponho a este stress?
Às vezes nem há tempo para reflectir nas razões.
A palavra de ordem é só uma: reagir.
Pausando, talvez seja porque…
depois de uma vida de trabalho intelectual, descobri que me dá uma grande satisfação trabalhar com as mãos e libertar a mente,
dá-me muito prazer ler, escrever e fixar imagens bonitas,
gosto de me relacionar com os outros e deixar-lhes uma parte de mim,
tornou-se importante testemunhar, através do que faço, os momentos felizes da sua vida.
” – Traz-me outro doce. Amanhã vou comprar requeijão e lanchar com a B.
O teu doce foi o primeiro lanche que a B. comeu com gosto depois dos tratamentos”.
Comovi-me!
Talvez haja um sentido!
Talvez Ele (o Sentido da Vida, Deus, Destino, aquilo em que acreditamos) esteja no facto de tocarmos os outros e deixarmos que os outros nos toquem a nós…
Imagem de Becca Stadtlander.