Quando a Beatriz tinha 4 meses, visitei uma creche.
Gostei do local e das pessoas, mas vim para casa dilacerada com a ideia de deixar o meu bebé com estranhos.
A partir desse momento percebi que nada faz sentido na nossa sociedade.
Deixar o nosso bebé é contranatura.
Para mim ainda é.
A minha Mãe salvou-nos.
Quando a Beatriz tinha um ano e meio, fiz nova experiência, num local de elevada reputação nacional.
O mundo moderno ocidental não está preparado para receber os seus filhos.
Ou eu não faço parte do mundo moderno ocidental.
Não encontrei sorrisos nem abraços, a não ser aqueles que eu dava a todas as crianças nos 20 minutos diários que passava na sala do bibe azul.
A minha Mãe salvou-nos.
E o meu Pai e a minha Tia Alice.
Mudança de cidade.
Não fui à creche.
Salvam-nos a Tia Alda, a Prima Cristina, a Avó Silvana e todos os primos que aparecem e trazem sorrisos e brincadeiras.
Sinto que está certo assim.
No meu íntimo, todas as mães que viveram antes de mim dizem-me que sim e eu confio.
Comprovam-no a alegria , o sorriso constante e as aprendizagens diárias da Beatriz.
Não é uma decisão fácil.
Nem entre a família.
Parece que rejeitar a creche é ir contra uma ordem estabelecida muito maior do que uma simples creche.
Talvez seja questionar-nos enquanto sociedade (frenética, materialista e implacável) e isso é sempre incómodo.
Felizmente, sei que não estou só.