-Vamos acordar!
Olhos ensonados.
Despe.
Veste.
-Mãe, sabias que temos uma luzinha aqui dentro?
-Não! Onde?
-Aqui, ao pé das maminhas.
-No coração?
-Isso, no coração.
-Quem te disse?
-A minha professora. O Guilherme também tem. E é o mais pequenino.
A minha Luz ficou a brilhar com intensidade.
Ainda brilha.
A Beatriz entrou em Setembro para o Jardim-de-Infância.
Foi preciso mobilizar muitos corações generosos.
Alentejanos e figueirenses.
Receei muito este primeiro contacto com a escola.
A escola pública era a minha primeira escolha, apesar de ter recebido excelentes referências da escola particular de Estremoz.
Mas já tinha tido uma péssima experiência na escola João de Deus.
Não encontrei nesse Jardim-Escola de referência uma única pessoa com a sensibilidade necessária para ver estrelas nos corações das crianças.
Confundiam rigor com falta de afecto.
Foi azar… talvez.
Quinta-feira é o único dia em que consigo ir buscar a Beatriz.
Grande sorriso da “professora mais bonita de Estremoz”, a professora Guida.
Aquele sorriso da Beatriz, com um pincel grande a inundar uma folha de azul.
-Espera um bocadinho, Mãe, estou a acabar uma pintura.
Luzinha interior a brilhar com mais força.
Tomei a decisão correta e a Beatriz está feliz.
Encontrei pelo caminho as pessoas certas.
Tive sorte… sem dúvida.
A imagem é do livro The Little Girl Who Lost Her Name.
Escrever o nome no site já é uma experiência, mas ficar com o livro tornou-se irresistível.
De David Cadjy Newby e Pedro Serapicos.