Esta Carta foi escrita pela Marta, mas eu sinto cada palavra como minha:
Este é um bilhete só de ida. E eu estou feliz na minha intuição de que vão sofrer e amar como não pensaram possível.
Porque esse ser que já habita os vossos ritmos irá derrubar os mais profundos pilares das certezas inquestionáveis. Pois no templo da paternidade, as certezas são como os sapatos. Ficam à porta.
Assim se entra no labirinto do amor livre.
À medida que se deparam com toda a impossibilidade de ser mãe/pai, o ego perde importância e ganha impotência. E o sentido começa a desenhar-se.
Um filho é um guia, ou um mestre. Reeduca-nos, pois vem cheio de sabedoria e novos ensinamentos. Dá-nos a mão e faz-nos reviver. E ficamos outra vez fascinados com cada pequena (re)descoberta, incrédulos com o quanto nos afastamos do maravilhamento. Por muitas e muitas vezes a cabeça enche-se de perguntas e diálogos internos, o corpo desgasta-se e esgota-se e mesmo assim, não nos ocorre fazer fila no corredor da desistência. Aprendemos a aceitar. E a aceitar a alegria com que isso nos brinda. E essa aceitação com que cada filho nos entranha torna-nos mais condescendentes connosco e com os outros e com isso melhores seres humanos e para lá de humanos. E assim, de coração aberto, fica tudo mais simples. Sofrer e amar.
Porque a forma como somos pais dos nossos filhos tem o poder de transformar o mundo. Porque sei que serão aqueles pais extraordinários, capazes de falhar sempre que possível.
Obrigada, Marta, por nos preencheres o Dia da Mãe!
As fotografias são de Jenny Lewis e estão inseridas no projecto One Day Young: mães e bebés com um dia!