Vivo na aldeia há três anos.
Há três anos que espero acordar com o canto dos passarinhos.
Não era suposto ter um despertador melodioso?
A um quilómetro da minha casa eles voam e são tão estridentes que até chegam a incomodar a minha Mãe.
E ouvem-se cucos, pica-paus, rouxinóis.
E aparecem melros, poupas, pegas, pardais e até rolas que a Beatriz alimenta com a Avó.
Pelo meu pátio, nem um pardalito.
Ou seguiram já viagem para os países quentes.
Ou passam o dia em casa da minha Mãe e vêem o meu pátio como subúrbios, aonde só vêm dormir.
E eu continuo a suspirar por grandes concertos que não chegam.
Pesquisei sobre estes habitantes do céu: sentem-se atraídos por locais com água fresca, comida, árvores, sol e sombra.
Talvez ande a falhar na primeira parte…
Os pássaros dos meus sonhos foram raptados do blog da ilustradora Anna Castagnoli, Le Figure dei Libri.