Tenho procurado encaminhar a Beatriz para uma visão fraterna entre os Homens: um olhar sobre Nós e sobre o Outro que procure o essencial e ultrapasse a superfície – a cor, a roupa, o tamanho do nariz, …
Mas há pouco tempo a reacção da Beatriz surpreendeu-me:
-Não gosto de dar beijos a caras escuras. As caras escuras têm coisas más.
-O quê?!
-O G. diz que as caras escuras, chamam-se morenas, têm coisas más.
-O G. está enganado. Como sabes, o G. faz muitos disparates na escola.
Tomei consciência de que, para o bem e para o mal, a Beatriz já não está na redoma familiar.
Há temas que temos de retomar.
Encontrámos estas árvores no Parque Eduardo VII, no ano passado.
E temos partilhado as nossas noites com Karim.
Tal como a Beatriz, Karim gosta muito de ir ao mercado com a Mãe.
E o que aconteceria à Beatriz se se perdesse da sua Mãe?
Ficaria com “lágrimas a deslizar pelas faces abaixo”.
Talvez em Estremoz não encontrasse tantas árvores grandiosas, seculares e generosas.
Talvez um embondeiro não lhe desse pão-de-macaco com facilidade.
Mas teria uma Mãe a partilhar a aflição da Mãe Kahdija.
E a sonhar com a sua mão.
E com o seu abraço.
Vivemos em contextos muito diferentes, mas o livro salienta a igualdade dos sentimentos primordiais: o amor pais/filhos e o respeito homem/natureza.
Temos de lê-lo mais vezes!
Escrito por Régine Raymond-García, depois de uma viagem a Burquina Faso, e ilustrado por Vanina Starkoff.
A edirora: OQO.