Cresci com os livros da Anita, com Os Cinco, com o Asterix, com o Tintin, com telenovelas brasileiras, com o Principezinho, com os contos do Eça de Queirós (que a minha prima lia em voz alta, enquanto eu me dilacerava com o destino da pobre Aia), com a Mafalda, …
Mergulhava nestes universos tão distintos com a mesma entrega e com a mesma convicção e, no fim, fiquei como sou: mais humanista que feminista (ou machista) e com uma mão cheia de defeitos e virtudes que nada têm que ver com os livros que li…
Ou será que têm?
Em relação aos livros que a Beatriz lê ou filmes que vê, tenho um cuidado… obsessivo.
Na última visita à Biblioteca da Figueira da Foz, encontrei este testemunho da minha infância.
Li e reli este livro centenas de vezes quando era pequena.
São várias aventuras de personagens de vários pontos do mundo, com os seus respectivos estereótipos bem vincados.
E em que ser violento consistia nestas grandes maldades.
Mas em que os protagonistas são, invariavelmente, personagens masculinas.
As personagens femininas surgem, sempre, para compor o cenário doméstico e nunca intervêm em qualquer aventura.
E eu fico a pensar que, embora criança, tive a capacidade de filtrar o que me interessava do livro:
-a curiosidade relativamente a outras formas de viver e a outros povos, assim como o gosto pelas viagens.
Será que faço bem em exercer esta censura sobre os livros, músicas e filmes que a Beatriz vê?