O meu Pai cursou História, compilou expressões do Portugal rural do século XX e agora escreve contos ouvidos na sua infância.
Não é por acaso que escolheu o quadro “As Respigadoras” de Millet, para ilustrar a capa da sua recolha de contos…
Li esta frase no seu livro de contos; falava assim de uma das suas personagens, Khadija, a tecedeira da aldeia.
Khadija tinha conhecimentos assentes “nas três religiões do Livro, a Torá, a Bíblia e o Alcorão, e no conhecimento de algumas práticas do culto dos deuses telúricos da antiga Lusitânea, […];
procurava nesta diversidade divina encontrar a cura para as dificuldades do quotidiano.
Em consciência acreditava que todos os seus deuses flutuavam conjuntamente […]”.
“Khadija acreditava piamente que, pese embora todas as calamidades, como as guerras e outros fenómenos que se abateram sobre a humanidade e continuarão a acontecer, o mundo está condenado a sobreviver, para sempre, somente porque o homem não tem capacidade para o destruir;
Deus ou Alá nunca o permitiriam.”
Como o nosso mundo precisa de Khadijas!