Na altura em que não vivíamos afundados numa crise,
embora o país já estivesse, citando um alto dirigente político, “de tanga” (a qualidade lexical dos nossos governantes sempre foi exemplar…),
fui à Escócia e encantei-me com os pequenos-almoços.
Aliás, encantei-me com a paisagem, com o pôr-do-sol, com a hospitalidade escocesa e com B&B que são lições de arquitectura!
Nessa altura, tomava o pequeno-almoço escocês com ovo, bacon, tomate e… café com tostas e Orange Marmalade caseiro.
Todos os dias!
A minha Mãe nunca fez doce de laranja e eu achei o sabor destes doces caseiros surpreendentemente delicioso.
E muito distante daquele terrível cozido de laranja que se vende no supermercado…
Decidi, então, recolher receitas de quem faz muito bem este doce.
Segundo o que li, o “orange marmalade” remonta ao século XVII
(o historiador Ivan Day refere o livro de receitas de Eliza Chomondeley, de 1677!),
embora a lenda o associe para sempre a James Keiller e à solução acidental da sua mulher para conservar quilos e quilos de laranjas compradas, a baixo preço, em Sevilha.
A propósito, descobri, nas pesquisas que fiz, que a palavra “marmelada” é portuguesa (deriva de marmelo) e foi depois adoptada pelos franceses e, posteriormente, pelos britânicos.
2014 foi o ano escolhido para eu vencer receios e fazer o doce mais demorado e exigente que já experimentei.
Não faltam laranjas: do pátio da minha Avó Rosa, do quintal da minha Mãe e do Vale da prima Cristina.
Todas biológicas e adoçadas pelo Sol.
E assim nasceram duas versões:
Doce de Laranja British
Um doce mais próximo da versão original inglesa, mas em que foi retirada toda a parte branca da laranja e, portanto, toda a acidez excessiva.
Doce de Laranja Alentejano
Um doce mais suave, adoçado com o mel puro da Serra d´Ossa.
Escorrido, sem centrifugadora, dos favos elaborados pelas abelhas.
É um enorme prazer trabalhar com estes produtos portugueses de grande qualidade.
Custa-me até acreditar que os nossos antepassados portugueses não tenham experimentado conservar as laranjas em mel e, depois das Descobertas, em açúcar.
Não foi por acaso que demos ao mundo a “marmelada”, essa forma tão nossa e saborosa de conservar marmelos!
23 de Maio de 2014 às 21:15
Olá Ana
Julgo que é possível que a invenção da “marmelade” ainda seja anterior ao que referes. Vou investigar e depois te digo 😉
É a compota que mais gosto, mas sinceramente nunca tive a ousadia de a preparar. Sempre me desmotivou o tempo e técnica que requer. Por isso, vou querer um frasquinho desses cá para casa. Como se procede à encomenda?
1 bj de bom fim de semana,
Guida
23 de Maio de 2014 às 23:06
Olá Guida!
Decidi enviar-te um email…
Fico feliz pelo voto de confiança… e nervosa 🙂
Um abraço e um bom fim-de-semana!
Ana
24 de Maio de 2014 às 11:08
Essa laranja marmalade tem um aspecto delicioso!
Nunca me aventurei a fazer doces. Tenho medo de estragar! lol
25 de Maio de 2014 às 20:23
fiquei bem curiosa, vou pensar seriamente nesse assunto, pois eu afasto-me dos doces a partir do verão, mas se calhar tenho de repensar! bom trabalho! 🙂
26 de Maio de 2014 às 12:06
Eu também tenho essa teoria, mas depois passo o Verão a repensar 🙂
26 de Maio de 2014 às 12:31
Adoro doce de laranja! 🙂
Parabéns pelo blog lindo que desconhecia, mas ainda venho a tempo!