SILOGISMOS
A minha filha perguntou-me
o que era para a vida inteira
e eu disse-lhe que era para sempre.
Naturalmente, menti,
mas também os conceitos de infinito
são diferentes: é que ela perguntou depois
o que era para sempre
e eu não podia falar-lhe em universos
paralelos, em conjunções e disjunções
de espaço e tempo,
nem sequer em morte.
A vida inteira é até morrer,
mas eu sabia ser inevitável a questão
seguinte: o que é morrer?
Por isso respondi que para sempre
era assim largo, abri muito os braços,
distraí-a com o jogo que ficara a meio.
(No fim do jogo todo,
disse-me que amanhã
queria estar comigo para a vida inteira)
Vozes, 2011 – Ana Luísa Amaral

Nunca ninguém desvendou o grande mistério que nos espera no final;
é essa ignorância que ofende a sobranceria humana e nos devolve à nossa pequenez.
Mas se houver mais alguma coisa, para além da “vida inteira”, o que sinto por estes pezitos amarelos irá, de certeza, comigo.
“Para sempre!”
Se não houver, não me chegará a “vida inteira” para agradecer por estes nove anos.
19 de Fevereiro de 2020 às 2:12
Vida inteira, para sempre… conceitos que custam a nós mesmos entender e medir. Como explicar a quem está começando a vida e a quem queremos “mais que tudo”?
Não é fácil.
Bjs
19 de Fevereiro de 2020 às 16:58
Não é mesmo, Rebeca! Também aprendemos ao reflectir com eles!
Um abraço!
17 de Março de 2020 às 14:08
Genial seu gesto! 🙂 Beijo