“Os Portugueses lembram aquelas velhas oliveiras por que passamos no país, vergadas pelas forças maiores, marcadas e sofredoras, mas sobrevivendo robustamente com uma invulgar beleza.”
Os Portugueses, de Barry Hatton
Ouvi esta magnífica descrição acerca de nós, portugueses, no programa mais corajoso da televisão portuguesa: Original é a Cultura.
Um dos episódios abordou a questão da identidade portuguesa e colocou em cima da mesa perguntas como:
será que existem esses traços distintivos que nos diferenciam radicalmente das outras nacionalidades ou tudo não passará de uma obsessão narcisística centrada numa idealizada “portugalidade”?
E que insegurança (ou vaidade) é esta que nos leva a querer saber o que dizem de nós, que nos leva a precisar dessa validação exterior?
Como somos vistos no estrangeiro foi, aliás, outro dos temas do programa.
A hora da transmissão (e da retransmissão) é inexplicável (e nada corajosa), mas uma tertúlia que junta Carlos Fiolhais, Dulce Maria Cardoso e Rui Vieira Nery, com moderação de Cristina Ovídio, vale bem a pena.
Claro que de madrugada eu, pessoalmente, tenho o estranho hábito de dormir, mas a Internet tem a vantagem de nos permitir fazer o nosso próprio horário.

Estes tertulianos de luxo discutem ainda temas como o envelhecimento, a felicidade, a inteligência artificial, a vida na cidade, a leitura, …
Cada convidado apresenta a sua perspectiva e, uma vez que Carlos Fiolhais é físico, Rui Vieira Nery é musicólogo e Dulce Maria Cardoso é escritora, a troca de ideias é muito inspiradora.
Quanto a mim, pendo a concordar mais com Rui Vieira Nery e Dulce Maria Cardoso, embora Carlos Fiolhais me apresente um ponto de vista que, à partida, eu não ponderaria.
Por outro lado, ando muito amuada com Dulce Maria Cardoso, porque estou à espera, desde o ano passado, da parte 2 de Eliete e ainda nada.
23 de Março de 2020 às 12:39
Eu adoro um debate principalmente quando nos tira da zona de conforto e nos coloca para pensar em coisas simples, cotidianas que não questionamos porque já estão lá e nos acostumamos a elas. rs
24 de Março de 2020 às 16:50
É muito bom, mesmo! Ativa zonas do cérebro que estão em descanso, encostadas às suas certezas!